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O impacto psicológico das redes sociais

Brasil é um dos campeões em tempo conectado às redes sociais

por Equipe Web, em 05/10/2020

De acordo com o sitio eletrônico Época Negócios, uma pesquisa de 2018 afirma que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países que passam mais tempo em redes sociais com o número de 225 minutos. Além disso, a empresa de pesquisas Global Web Index afirma, através de uma pesquisa de 2019, que a faixa etária que mais passa tempo nas mídias sociais é de 16 a 24 anos, obtendo a média diária de 175 minutos, um tempo excessivo que acaba influenciando diretamente no comportamento dos jovens, nos quesitos de inadequação social e ansiedade.


Dessa forma, para termos maiores informações sobre o contato dos jovens com as redes sociais e seus efeitos, entrevistamos a psicóloga Sueli Lucindo de Souza, 54 anos, que atende jovens e crianças por meio de sua formação pela Faculdade Paulista de Ciências e Letras de São Paulo em 1994 e graduação em neuropsicologia pela Atualize em 2018. Confira abaixo:

 

 

Entrevistador: Você acredita que as redes sociais é um fator que causa problemas na saúde mental dos jovens?


Sueli: Com certeza, principalmente por permitir acesso a conteúdos que não necessariamente são reais.

 

 

Entrevistador: Em seus pacientes, você já enfrentou casos relacionados aos efeitos causados pelas redes sociais?

 

Sueli: Sim e digo isso com tristeza. Isso é lamentável, já acompanhei pacientes com transtornos de ansiedade, para quem tem pré-disposição à depressão, as redes sociais trazem uma “falsa realidade”. Além disso, hoje enfrentamos o “cyberbullying”, um fator bem presente no meio dos jovens, resultando em dados psicológicos e físicos bem catastróficos.

 

 

Entrevistador: Em modo geral, como você enxerga a saúde mental dos jovens daqui a 10 anos com a influência das mídias sociais cada vez mais forte?

 

Sueli: Com déficits graves, se pensarmos que crianças estão cada vez mais cedo com acesso à internet, que muitas vezes estão sem o monitoramento dos responsáveis, conseguimos perceber que esse ato precoce gera uma falta de socialização física, o afloramento da violência, um nível de irritabilidade muito grande e um estímulo de quadros críticos de ansiedade, além de certos aspectos físicos: o comprometimento da postura e da visão. 

 

 

Entrevistador: Além do padrão de beleza, um tema cada vez mais recorrente dentro das redes sociais, você conhece algum outro fator onde as mídias influenciam negativamente na vida do jovem? 

 

Sueli: Sim, a depressão e os transtornos críticos de ansiedade são fatores que podem aflorar com o uso excessivo das redes. Além da anorexia e da bulimia, que também são problemas reais nas vidas dos jovens por uma busca de um padrão de beleza inexistente, encontramos o alto índice de violência estimulado pelas mídias sociais em jovens e crianças, um problema que é encontrado em pesquisas e nos consultórios.

 

 

Entrevistador: Você acredita que grande parte dos suicídios que acontecem em transmissões ao vivo nas mídias sociais podem influenciar outras pessoas a tomarem as mesmas medidas para sua vida?

 

Sueli: Sim, se pensarmos que muitas pessoas têm acesso a esse conteúdo estão em dores profundas, muitas vezes sem processo de ajuda, em silêncio, sem buscar e sem sinalizar sua própria dor, podem ter uma vulnerabilidade maior à cometer o mesmo ato em sua vida.

 

 

Entrevistador: Com toda a sua formação e estudo, é um desafio lidar com a saúde mental dos jovens e crianças, uma vez que os mesmos possuem grande contato com as redes sociais?


Sueli: Sim. Essas crianças e adolescentes acabam internalizando uma realidade “artificial” que entra em confronto com uma realidade “real”, parece contraditório, mas eles ficam em um mundo à parte, que sem o monitoramento adequado de seus responsáveis, acabam vivendo em uma procrastinação das coisas importantes da vida. 

 

 

Entrevistador: Você acha que as redes sociais podem trazer fatores positivos vida do jovem/criança?


Sueli: Sim, tudo na vida há uma polaridade negativa e positiva. Essa entrevista está sendo realizada através de uma rede social, o que nos mostra um grande ponto positivo. Além da pandemia que estamos vivendo, essas redes se tornaram um recurso que tem assistido muitas pessoas, inclusive a parte pedagógica escolar. Pensando no universo infantil e juvenil, há muitos programas e recursos na internet que acabam estimulando à imaginação, fantasia e criatividade dessas faixas-etárias, tirando bom proveito dos recursos.

 

 

Entrevistador: Você acredita que há essa preocupação de manter uma imagem nas redes sociais que não corresponde quem o jovem realmente é? Como você vê isso em seu trabalho?


Sueli: Sim, na verdade cria-se uma performance para agradar o próximo e isso acaba trazendo bastante desconforto ao jovem. Em meu consultório eu trabalho essas questões tratando a insegurança, competitividade, impulsionando o paciente à adquirir amor próprio e estimulando a percepção de que nas redes sociais quase nada há de real, necessitando assim de um uso moderado.

 

 

Com todas essas informações adquiridas por uma profissional que enfrenta diariamente diversos casos agravados pelas redes sociais, recomendamos o uso moderado das redes sociais, fazendo com que isso não substitua atividades fundamentais para a saúde, como noites bem dormidas, mas haja equilíbrio em sua vida. Esse equilíbrio pode ser colocado em prática através de um uso por 30 minutos por dia, que segundo uma experiência de 2018 feita com 143 estudantes pela revista BBC, reduz significativamente a solidão e a depressão.


Para entrar em contato com a Psicóloga Sueli Lucindo de Souza, você pode acessar a página do Facebook: “Psicologia – Reflexões do dia a dia” (www.facebook.com/PsicologiaReflex/).

 

Autores: Juliana Machado Sabino da Silva, Laryssa Damaceno Lisboa, Luciana Agrofoglio Ferreira, Marcos Rocha D’Avila Filho, Mariana Armada Camargo Ferreira, Matheus Henrique Cruz de Oliveira e Nicoly Silvino de Souza.